Atitude Popular

Lula reconhece fracassos da esquerda e alerta sufocamento da democracia pela extrema-direita

Da Redação

Em encontro em Nova York, o presidente Lula afirmou que a esquerda mundial precisa fazer autocrítica para reagir ao avanço da extrema-direita, apontando falhas históricas da democracia.

Durante a 2ª reunião “Em Defesa da Democracia, Combatendo Extremismos”, realizada em Nova York com a participação de líderes sul-americanos e espanhóis, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a esquerda global precisa reconhecer seus erros para enfrentar o avanço da extrema-direita. Segundo ele, é momento de introspecção: “aonde é que os democratas erraram? Qual foi o momento em que a esquerda errou?”, questionou.

Lula disse que, na história recente, muitos governos progressistas conquistaram poder com discursos de esquerda, mas, ao governar, passaram a atender mais aos interesses de elites ou adversários do que aos de suas bases. Ele qualificou isso como parte do “fracasso da democracia”. Para ele, esse comportamento concede espaço à extrema-direita, que aproveita narratives de crise, negacionismo e desconfiança para se fortalecer.

O presidente resgatou sua trajetória política, desde seus dias de operário e sindicalista até a fundação do Partido dos Trabalhadores, motivado pela constatação da ausência de representação dos trabalhadores no parlamento. Ele lembrou que, na transição à democracia, buscou reunir lideranças latino-americanas no Foro de São Paulo precisamente para fortalecer a esquerda e defender a participação popular.

No encontro, Lula insistiu que não basta apenas criticar adversários: é essencial que partidos de esquerda e movimentos populares voltem ao contato direto com a sociedade civil, com base nos bairros, locais de trabalho e instituições de ensino. Ele afirmou que esse vínculo é indispensável para reconstruir a confiança da população num projeto democrático.

“Antes de procurar a virtude do extremismo de direita, temos que procurar os erros que a democracia cometeu na relação com a sociedade civil”, afirmou Lula. Ele advertiu que, se a esquerda não responder a essa autocrítica, segue vulnerável ao “negacionismo, ao extremismo e ao discurso fascista” que, segundo ele, avança em vários países.