Atitude Popular

O iluminismo de Lula e o obscurantismo de Trump

Luís Delcides – Advogado e jornalista

23 de setembro é um dia diferente. Trata-se de uma manhã super especial. A expectativa do discurso do Presidente Luís Inácio Lula da Silva na ONU é muito grande – faço uma pausa proposital, pois amigos “direitosos” não vão aguentar ler o resto do texto. Meu conselho: levantem e bebam água. Depois voltem e leiam o restante. Volto ao raciocínio. Não precisa manjar muito de inglês ou de “ingreis” como diz a Dona Gina, minha vizinha que morre de ódio do comunismo sem ler a capa do “O Capital” do Marx, mas é perceptível o gestual, a postura dos dois chefes de Estado durante o discurso na 80º Assembleia anual da Organização das Nações Unidas – ONU.

Presidente Lula estava firme, com fala pausada. Discurso inspirado no iluminismo – muito bem pontuado por Rey Aragon em “Lula, ONU e o resgate do iluminismo” – não uma simples retórica, mas um alumbramento encarnado na materialidade da vida, no dia a dia. Pra ficar mais fácil, os direitos sociais bem delineados no art. 6º da Constituição da República de 1988.

Para a Irmã Cremilda, que só faz oração em línguas pra pneu e esqueceu da leitura adequada da Bíblia: o livro dos Gênesis, o primeiro dos pentateucos, no capítulo 1, versículo 26 diz: “Façamos o homem a imagem e a sua semelhança”. Ou seja, reforça a importância do princípio da dignidade da pessoa humana, positivado no artigo 1º, inciso III da Carta Política de 1988.

Ou seja, são valores, direitos, expor a realidade de pessoas excluídas, a proteção dos inocentes. Afinal, o presidente Lula dá nomes a situação vivida pelos palestinos em Gaza e faz uma convocação a gramática do Direito Internacional Humanitário para proteger os inocentes.

Por isso não faz sentido as igrejas protestantes brasileiras não tocarem na questão Palestina. Também não faz sentido a leitura seletiva da Bíblia por ligações históricas e ancestrais ao fazer menção a Sansão, quando foi a Gaza destruir o templo que matou 3 mil filisteus, ao fazer uma menção ao último capítulo do livro de Juízes – o proibido para menores como dizem os pastores Ed Rene Kivitz e Kenner Terra, da Igreja Batista de Água Branca. No entanto, é incabível os ataques a ONU, descrédito as questões ligadas ao meio ambiente e a corrosão da confiança por parte de Donald Trump. Aliás, que diferença! O Presidente brasileiro com um discurso firme, propositivo, muito a vontade no púlpito e com uma fala firme. Já, Trump, uma fala comedida, desconfiada e apoiando o seu corpo no púlpito quase nem abria a boca para proferir as palavras.

Por isso que não é preciso ter fluência em inglês para perceber a diferença entre os dois chefes de Estado. As posturas e a entonação revelam essa distinção entre ambos. Enquanto Lula aposta em uma multipolaridade cooperativa, o chefe de Estado do cabelo alaranjado quer transformar uma vítima histórica em ameaça perpétua.