Atitude Popular

Popularidade de Lula provoca divisão no Centrão para 2026

Da Redação

À medida que cresce a aprovação de Lula, partidos do Centrão se veem em disputa interna: há quem o encare como ativo eleitoral valioso e quem tema “abraço do urso” — cenário que molda alianças estaduais para 2026.

O fortalecimento recente da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva acende um dilema entre partidos do chamado Centrão: aproveitar o momento para se aproximar do governo ou manter distância para preservar autonomia e evitar desgaste partidário. Um levantamento do Brasil247 divulgado nesta quarta-feira destaca justamente essa divisão nos bastidores da construção política para 2026.

Fontes próximas a lideranças do União Brasil e do PP relatam inquietação com declarações de Lula de que não pretende “implorar” por apoio. A estratégia presidencial, segundo essas influências, mira desgastar o protagonismo de caciques dessas siglas em governos estaduais, obrigando-os a reavaliar alianças. A ideia é forçar o Centrão a recompor-se em torno de palanques regionais sem impor controle excessivo do Planalto.

Para muitos caciques estaduais, a assunção de que Lula vive um de seus melhores momentos de aprovação funciona como moeda de troca: apoiar o governo nacional pode gerar dividendos eleitorais locais. Mas outro grupo contrasta essa avaliação, alegando risco de atrelamento excessivo e vulnerabilidade estratégica, caso o governo recalibre sua base para 2026 sem respeitar as lideranças intermediárias.

No contraponto, a pesquisa Genial/Quaest divulgada no mesmo dia reforça o cenário positivo para o presidente: 48% dos entrevistados avaliam sua gestão como “boa ou ótima”, igualando-se virtualmente à parcela que desaprova (49%). Para analistas, esse momento de equilíbrio permite que Lula recupere discurso de centralidade, reabrindo janelas de negociação com partidos de centro. A própria estratégia de buscar aproximação com Donald Trump nas Nações Unidas e o buzz gerado em opinião pública ajudam a dar legitimidade política ao gesto de protagonismo externo, mesmo entre aliados reticentes.

A disputa interna no Centrão, assim, reflete uma lógica dual: partidos veem em Lula tanto um trator eleitoral — capaz de arrastar palanques regionais — quanto um risco de controle excessivo do governo sobre suas bases. Nesse contexto, alianças para 2026 tendem a ser negociadas de baixo para cima, estado por estado, com partidos menores e médias legendas buscando isonomia entre relação com o Planalto e autonomia tática.

Se o governo quiser converter o momento de popularidade em vantagem eleitoral, precisará gerir cuidadosamente esse jogo de poder interno: ceder espaços nas chapas regionais, manter fora do cerne partidário disputas centrais e permitir que lideranças locais resguardem protagonismo. Quem sair perdendo desse arranjo poderá perder influência política no futuro — e, portanto, há nervosismo evidente no meio político.