Atitude Popular

Rogério Correia pede afastamento imediato de Nikolas Ferreira por motim na Câmara*

Deputado do PT denuncia liderança de ação golpista e uso de live para incitar rebelião contra a democracia

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) protocolou nesta quinta-feira, 8 de agosto, uma representação na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados pedindo o afastamento cautelar do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) por 180 dias e a abertura de processo disciplinar no Conselho de Ética. A medida tem como base a participação de Nikolas no episódio que o parlamentar classifica como “tomada de assalto e sequestro da Mesa Diretora” do Congresso Nacional, ocorrido na noite de 6 de agosto.

Segundo Rogério Correia, Nikolas exerceu papel de “porta-voz e liderança” do motim, ao transmitir ao vivo, de dentro do Plenário Ulysses Guimarães, uma live em que desafia a presidência da Casa, convoca uma nova rebelião e declara desdém explícito à democracia: “Quer cassar nosso mandato? Que se dane!”. Durante a ocupação, Nikolas segurou fisicamente a cadeira da Presidência e recusou-se a liberá-la mesmo após três ordens diretas de desobstrução, o que o petista classifica como desobediência institucional grave.

Em áudio divulgado à imprensa, Rogério Correia destaca que todos os parlamentares que participaram da tentativa de impedir o presidente Hugo Motta de assumir a Mesa devem ser punidos. O petista menciona os deputados Zé Trovão, que tentou barrar a entrada do presidente, e Marcel Van Hattem e Alessandro Molon, que se sentaram na cadeira da presidência e se recusaram a sair. Ele cita ainda a deputada Julia Zanatta, que teria utilizado seu bebê de quatro meses como escudo para dificultar a retomada dos trabalhos. “Mas uma pessoa chamou ainda mais atenção, o deputado Nikolas de Minas Gerais, que se colocou como liderança e fez live incitando rebelião. Por isso, apresentei representação para que ele seja afastado imediatamente e tenha o mandato cassado”, afirmou Correia.

A representação escrita aponta que a atitude de Nikolas se assemelha a ações de sequestradores dos anos 90, com a diferença de que, agora, “a vítima foi a própria Casa do Povo”. O texto reforça que a teatralização do episódio foi levada ao extremo quando o deputado simulou uma queda ao fim da ocupação, para construir uma narrativa de vitimização. Segundo o autor, a conduta revela desprezo explícito pelas regras regimentais e ameaça o funcionamento democrático do Parlamento.

No documento, Rogério Correia fundamenta seu pedido nos artigos 15 e 10 do Regimento Interno e do Código de Ética e Decoro Parlamentar, que permitem o afastamento cautelar por quebra de decoro. Ele também solicita a oitiva de testemunhas e a juntada de imagens das câmeras da Câmara, incluindo trechos que mostrem a agressão contra o jornalista Guga Noblat.

A representação faz parte de uma reação articulada por parlamentares da Federação PT-PCdoB-PV, que já haviam apresentado outras denúncias contra os envolvidos no episódio. A ação coletiva visa responsabilizar os articuladores da tentativa de obstrução institucional e reafirmar os limites democráticos no exercício do mandato parlamentar. Para Rogério Correia, a medida é pedagógica: “A suspensão serve para deixar claro que respeito institucional não é recomendação, é fundamento da democracia representativa”.