Crise diplomática explode com ameaça de 50% a partir de 1º de agosto – negociações travadas e plano de contingência brasileiro
Da Redação
Governos se esforçam em múltiplas frentes diplomáticas e jurídicas, mas impasse persiste enquanto Lula reforça disposição ao diálogo e Trump mantém silêncio político até o tarifaço
À medida que se aproxima 1º de agosto de 2025, a data de início das tarifas de 50% sobre importações brasileiras nos EUA, a crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos mergulha em um momento crítico. O governo brasileiro reconhece internamente que não há perspectiva de negociação com a Casa Branca antes do tarifaço, já que canais políticos estatais permanecem intencionalmente bloqueados pela administração Trump.
Apesar do bloqueio político, o Brasil mantém interlocução com técnicos do Departamento de Comércio e Tesouro americano. O vice-presidente Geraldo Alckmin descreveu uma ligação produtiva de aproximadamente 50 minutos com o secretário de Comércio Howard Lutnick, classificando o contato como “bom e frutífero”. No entanto, nenhum alto responsável da Casa Branca se manifestou oficialmente para recepcionar Lula, como ele mesmo ressaltou: “Se ele quisesse conversar, pegava o telefone e me ligava”
As tentativas brasileiras incluem uma missão oficial de oito senadores em Washington, que iniciou agendas com representantes da Câmara de Comércio Brasil-EUA e parlamentares norte-americanos, além da presença de diplomatas e ex‑diretores da OMC, como Roberto Azevêdo. Paralelamente, o governo reiterou que permanecerá à mesa de negociações, enquanto avalia um plano de contingência apresentado ao presidente Lula em 28 de julho pelo Ministério da Fazenda e outros órgãos.
No contexto internacional, outros parceiros comerciais como União Europeia, Japão e Reino Unido conseguiram acordos para reduzir tarifas impostas por Trump, gerando críticas sobre as escolhas do Brasil por não tentar renegociações similares. A estratégia norte-americana parece deliberadamente esperar que o tarifaço entre em vigor para ampliar o poder de barganha — uma postura confirmada por avaliações do Planalto nesta semana decisiva.
Economistas e instituições como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) alertam que as tarifas podem provocar mais de 100 mil demissões no Brasil e uma queda de até 0,2% no PIB nacional, além de reduzir à metade os valores de exportação do agronegócio para os EUA s. Em resposta, empresas já reavaliam estratégias — grandes exportadoras estão buscando mercados alternativos como Índia e México ou abrindo operações fora do Brasil.
O governo brasileiro reforçou sua postura pacífica e negociadora. Lula declarou estar disposto a dialogar diretamente com Trump, desde que seja provocado oficialmente, afirmando que qualquer conversa que envolva interferência na soberania do país, como o sistema Pix ou decisões do STF, é inegociável.
Até o momento, o Brasil registrou 10 reuniões diplomáticas e enviou uma carta formal em 16 de maio de 2025, mas recebeu apenas uma postagem pública de Trump anunciando o tarifaço, sem diálogo oficial, o que foi classificado por Lula como uma “chantagem inaceitável”.
O cenário atual reflete um impasse diplomático: o Brasil, com oferta clara de diálogo e robustas frentes legais e diplomáticas, enfrenta silêncio político dos EUA antes da entrada em vigor das tarifas. As medidas anunciadas por Trump indicam uma estratégia de barganha pós-tarifaço, enquanto o Brasil prepara contingências e se posiciona firmemente em defesa de sua soberania e dos interesses nacionais.


