Simone Tebet e o governo reforçam que o BRICS é a solução para resistir às pressões externas.
Da Redação
Enquanto os EUA impõem tarifas agressivas, Brasil busca reforçar sua estratégia de autonomia via BRICS, com elogios à postura pragmática de Simone Tebet.
O Brasil intensifica seu alinhamento com os países do BRICS como alternativa estratégica às crescentes pressões comerciais e diplomáticas impostas pelos Estados Unidos. Na presidência rotativa do bloco em 2025, o país sediou a 17ª Cúpula no Rio de Janeiro, promovendo uma agenda voltada para o fortalecimento do Sul Global e para a reforma das estruturas de governança internacional.
Durante pronunciamento recente, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, deixou claro o reposicionamento estratégico do país ao afirmar: “o BRICS não é problema nessa equação; o BRICS, hoje, para o Brasil, é solução.” Ela destacou que o Brasil já exporta mais de 50% de sua produção para a Ásia, enquanto apenas cerca de 10% vai para os EUA. Para Tebet, a integração com os países do BRICS, especialmente com China e Índia, não representa um rompimento com o Ocidente, mas sim uma resposta pragmática e soberana diante de um mundo multipolar em disputa.
A ministra ressaltou que o Brasil precisa fazer “o dever de casa”, aprimorando sua infraestrutura, logística e planejamento estratégico de longo prazo, com foco no horizonte Brasil 2050. Nesse sentido, os investimentos em modais ferroviários, integração energética e rotas comerciais sul-americanas passam a ter papel central na construção de uma autonomia real — não apenas econômica, mas também tecnológica e institucional.
O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, também reforçou essa visão, apontando que a pressão exercida pelos Estados Unidos, como a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, é uma tentativa de desestabilização. Segundo ele, tais ações apenas confirmam a necessidade de o Brasil reforçar alianças estratégicas com países que respeitam sua soberania e que compartilham valores de desenvolvimento autônomo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, tem se mantido firme em sua posição. Em declaração recente, afirmou que “a soberania do Brasil e o Estado Democrático de Direito são inegociáveis”, e que o governo está disposto a dialogar com todas as nações, desde que não haja imposições ou interferências externas sobre as decisões soberanas do país.
A aproximação com os BRICS, que em 2024 já havia sido ampliada com a adesão de novos países como Irã, Arábia Saudita e Egito, tem sido vista por analistas como uma oportunidade para o Brasil se reposicionar globalmente. O bloco busca, entre outras coisas, desdolarizar o comércio internacional, fomentar bancos multilaterais independentes e articular uma nova ordem geopolítica centrada em soberania, cooperação e multilateralismo.
Setores populares e movimentos sindicais também vêm defendendo essa agenda como resposta à ofensiva imperialista norte-americana. Para esses grupos, a consolidação dos BRICS representa uma oportunidade histórica para o Brasil retomar o controle sobre sua política externa, seu desenvolvimento industrial e seus recursos estratégicos.
O gesto simbólico de Simone Tebet — uma liderança política de origem liberal, hoje alinhada com a defesa da soberania nacional — indica uma mudança importante no consenso político brasileiro. Em meio à crise com os EUA, cresce entre os setores da elite institucional e da tecnocracia nacional a percepção de que não há mais espaço para submissão cega aos interesses do Norte Global.
A resposta do Brasil não tem sido apenas de resistência. É uma reafirmação firme e altiva de sua soberania. O país escolheu trilhar um caminho de autonomia e protagonismo, ancorado no fortalecimento do BRICS e na articulação de um novo multilateralismo baseado no respeito entre nações. O momento é de travessia. E o Brasil, mais uma vez, se prepara para cruzar com dignidade a tempestade.