Da Redação
Beá Tibiriçá defende a articulação popular por uma internet cidadã e critica a captura do orçamento público pelo Congresso: “vivemos um parlamentarismo que ninguém escolheu”
Durante participação no programa Democracia no Ar, da TV Atitude Popular, a ativista digital Beá Tibiriçá fez um contundente chamado à mobilização cidadã em defesa da soberania informacional. Militante histórica do software livre e fundadora do Coletivo Digital, Beá alertou para os riscos da concentração de poder nas mãos das big techs e da captura institucional do orçamento público brasileiro. “Sem soberania, a gente não exerce a democracia”, afirmou.
Ao lado de Sara Goes e Reynaldo Aragon, Beá abordou os desafios da luta por direitos digitais em um contexto de retrocessos e crises múltiplas. Ela destacou a crescente articulação da extrema-direita no campo da cibersegurança e a fragilidade do Executivo frente ao avanço do Congresso sobre o orçamento: “Estamos vivendo um parlamentarismo que não foi debatido nem escolhido pela população”.
Beá também comentou a reação recente do governo federal com o uso de vídeos em inteligência artificial na defesa do decreto que revoga a isenção do IOF para super-ricos. Para ela, a disputa simbólica nas redes é legítima e necessária, desde que aliada à construção de plataformas e infraestruturas digitais autônomas. “Toda técnica sempre é apropriada pelo capital. Nosso dever como soberanistas é disputar essa técnica a bem da sociedade”, reforçou Aragon durante o programa — uma posição com a qual Beá concordou, destacando que os movimentos populares acumulam experiências práticas nesse campo.
A ativista relatou ainda a preparação de um evento nacional em Brasília, nos dias 8 e 9 de julho, com o objetivo de articular uma frente ampla pela soberania digital, cultural, alimentar e econômica. A proposta inclui uma aula pública no Congresso, o lançamento de uma frente parlamentar e a demonstração de experiências exitosas de tecnologias comunitárias, como o data center autônomo da Casa de Cultura Tainã, em Campinas (SP), e o uso de Zoom livre pela rede de cultura digital.
Segundo Beá, esses projetos comprovam que “o que a gente constrói, a gente mesmo tem que gerir” e são um antídoto à dependência das grandes corporações. “Estamos num momento de mostrar que isso é possível”, disse, ao lembrar que a construção do Marco Civil da Internet em 2014 foi fruto direto da mobilização popular. Para ela, retomar esse espírito participativo é essencial: “O Brasil já foi referência mundial em software livre. Precisamos olhar para tudo que fazemos e nos ajudar. Distribuídos venceremos, mas juntos e articulados vamos construir um plano de soberania para o país”.
A entrevista também abordou os impactos do golpe de 2016 sobre os movimentos sociais e a interrupção das políticas públicas de democratização da tecnologia. Ainda assim, Beá fez questão de frisar que as experiências comunitárias resistiram. “Essas coisas existem. Não estamos falando de imaginação. A Casa Tainã funciona. A escola de redes comunitárias na Amazônia existe. O que falta é luz sobre essas práticas”.
Em um cenário que Beá classificou como “uma disputa entre um capitalismo destrutivo e a tentativa de construção democrática”, ela defendeu a criatividade popular como resposta à ofensiva conservadora e ao controle algorítmico das plataformas. “Temos que colocar o nosso ponto de vista iluminado por todos os rincões desse país”, concluiu.
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